– Roupa para Lavar (Contra) – Tratar de roupas sempre foi daquelas coisas às quais me tentei escapar! Ao ponto de só pôr roupa a lavar porque não encontrava nada quando abria as gavetas! Pois bem… Isso foi uma coisa que obrigatoriamente teve de mudar desde que fui Pai! Antes de o Sebastião nascer achava que sendo ele um bebé, com roupa tão pequenina isso nunca iria ser um problema… Como é óbvio, estava redondamente enganado! As toneladas de roupa que um ser tão minúsculo reveza são impressionantes. Seja um bolsado, uma babinha, um chichi mal direcionado e lá vai mais uma remessa para o cesto! Isto não contando com babetes e fraldas de pano das quais tinha cerca de 6 de cada quando ele nasceu e achava que era mais do que necessário. Inclusivamente, mais tarde quando a Cláudia me pediu para ir a correr comprar mais, digamos que fiquei surpreendido com a cara que ela me fez quando apareci apenas com mais 3! Hoje já percebi que essa é a quantidade que um bebé de 55 cm gasta de babetes e fraldas num dia! Num simples dia!!! Agora é natural ter cerca de 3 fraldas e 5 babetes aleatoriamente distribuídos por cada divisão, sendo que no final do dia invariavelmente vão todas parar ao Evereste de bodies, baby-grows, collants, e camisolas que habita num espaço cada vez maior da minha, antes imaculada, cozinha.
– Roupa Suja (Contra) – Continuando na senda da roupa suja, é com algum transtorno que tenho vindo a reparar que este fenómeno não acontece apenas com roupa de bebé! O volume da roupa dos adultos que vai diariamente para o cesto da roupa suja também aumentou exponencialmente! Lembram-se quando falei em cima dos bolsados, da baba e do chichi? Digamos que a nossa roupa também não é imune a isto! Seria de esperar que com a quantidade de babetes e fraldas que se usam, isso servisse também para proteger a nossa própria roupa…. Só que não! Nem a nossa roupa, nem os sofás, nem os lençóis, nem os tapetes, nem o chão… E se com os sofás, os lençóis, os tapetes e o chão, aprendemos a fechar um bocadinho os olhos, o mesmo não é possível com a roupa. Sempre fui uma pessoa muito prática nisto, mas hoje em dia posso garantir que várias vezes experimentos 3 toilettes diferentes no mesmo dia. O que cria outro desafio no dia a dia… O contacto com o Sebastião de manhã antes de ir para o trabalho, tornou-se numa odisseia de precisão cirúrgica, pois começo a ficar um pouco cansado de me vestir 2 vezes de manhã ou de levar uma medalha de mérito no ombro, simplesmente porque não tenho mais camisolas na gaveta!
– Saídas de casa demoradas (Contra) – Longe vão os tempos em que para ir dar uma volta ao Jardim com a minha mulher apenas precisava de me levantar do sofá e apanhar um casaco! Agora, este simples processo, transformou-se numa verdadeira gincana! É fazer um biberon que vai ser preciso e mais um porque nunca se sabe, é fazer o saquinho dele, é ver se é preciso mudar a fralda outra vez, é ir buscar as mantinhas para tapar a criança, é encontrar pela casa uma ou duas chupetas que estejam em condições de ir para a boca, é lavar uma ou duas chupetas porque nenhuma estava em condições de ir para a boca, é enfiar uma catrefada de “brinquedos” no ovinho para ele ir entretido os 5 minutos que vai acordado e é efetivamente mudar a fralda, porque no meio disto tudo já é preciso… Ah, e é também mudar de roupa porque nestas andanças já temos novamente o ombro todo bolsado!
– Desculpa para chegar atrasado (Pró) – Em bom abono da verdade, tudo o que falei antes se desvanece com o tempo… Encontram-se estratégias para acelerar o processo e depressa a linha de montagem está aperfeiçoada para minimizar o transtorno! Mas sendo eu uma pessoa que nunca foi o pináculo da pontualidade, confesso que não deixa de me agradar poder culpar o miúdo, visto que é uma desculpa que, descobri, é universalmente aceite…. Principalmente enquanto ele não fala e não me consegue desmascarar! Bem sei que não é justo, mas acho que fica pago com uma ou duas mãos cheias de babetes sujos para lavar!
– Dormir de qualquer maneira (Pró) – Isto podia e devia ser um caso de estudo! Há não muito tempo, confesso que era um grande esquisito para adormecer! Tinha, no mínimo, de ter a minha almofada de sempre, encontrar a posição perfeita para me sentir totalmente confortável e ter o meu tapa-olhos para a luz não me incomodar! É com algum agrado que vejo que isto são águas passadas…. Dêem-me 5 minutinhos deitado completamente torcido num pequeno espaço no cantinho da cama e com a luz do Sol a bater-me na cara que é mais do que suficiente para bater uma sorna super-revigorante!
– Filas no Supermercado (Pró) – Mais do que um Pró, neste momento é uma Lei e justíssima. Tento ao máximo não enfiar o Sebastião num supermercado quando vou fazer as compras do mês mas há, de facto, algo maravilhoso em não ter de esperar 30 minutos na fila para que alguém finalize as compras de 5 meses para uma família de 40 pessoas, quando eu na verdade só vou comprar azeite, que me lembrei a caminho de casa que não tinha para fazer o jantar!
Aproxima-se a passos largos a tão aguardada licença de paternidade, mas confesso que os tantos avisos, maus augúrios e promessas de um cansaço extremo por parte dos amigos se começam a misturar um pouco com a vontade que tenho de ficar um mesinho com o meu filhote em casa!
Tendo tudo isto em conta, penso que não poderia ter feito melhor escolha para esta entrevista do que o João Marchante. O João é Pai da Catarina e passou há relativamente pouco tempo por esta experiência. Quando lhe perguntei como tinha sido para ele, a resposta não me poderia ter deixado mais relaxado: “Acabaram por ser umas feriazinhas”… Ufa, era exactamente o que queria ouvir! Ainda assim acabei por tentar investigar um pouco mais… Será que não houve dias em que ele não tinha tempo para nada a não ser dar atenção à cria? “Ela dormia imenso… Não me chateou nada e, na verdade, hoje em dia pede-me muito mais atenção do que na altura! Nesse mês entretinha-se muito a ela própria… A brincar no parque, a descobrir os brinquedos! É tão calma que tive de ir a algumas reuniões de trabalho nesse mês e ela foi comigo assistir tranquilamente” Ora aí está! De repente consegui voltar aos tempos da inocência onde acredito que vai ser um dos melhores meses da minha vida! A verdade é que quando eu e o Sebastião temos um dia Pai e Filho, consigo dormir à vontadinha até às 11:00 e fazer a minha vida com a maior descontracção do mundo… O que faz muita comichão a alguns dos meus amigos já Pais… Surpreendentemente, os mesmos que me disseram que ia ser um mês horrível… Talvez haja uma relação nisto! Percebo então que muito provavelmente a minha experiência vai ser mais próxima da do João e por isso pergunto se tem algumas dicas e se notou na Catarina alguma diferença de quando ficava com a mãe para quando começou a ficar com ele: “Nela não. Notei diferença foi na Mãe… Passou do 8 para o 80! Antes chegava a casa e dizia: “ Fala comigo… Preciso de um ser humano que saiba comunicar”, quando fiquei eu com ela, passou a: “Ai a minha filhinha… Tive tantas saudades dela o dia todo”” Ao ouvir isto, compreendi o que ele queria dizer, tive um acessozinho de malvadez querida e perguntei se ele às vezes não provocava um pouco a Mãe… Elas estão imenso tempo sozinhas com eles, portanto é normal que nós queiramos meter um pouco de pirraça e ciúmes quando somos nós a ter o poder sobre as as selfies com o pequeno: “Ela tinha, de facto, muita pena de não estar connosco, não eram propriamente ciúmes! Mas eu gostava muito de me meter com ela… Um dia ela chegou mais tarde e eu disse: “Olha Catarina, esta senhora é a tua mãe caso não a conheças.” Presumo que não tenha obtido a melhor resposta do mundo, mas ainda assim fico com vontade de copiar!
Com a Catarina sempre a ouvir a nossa conversa, no meio de uma e outra bolacha, acabámos a debater a nossa opinião (que por acaso era semelhante) sobre as sobre-preocupações que os pais têm, quando algo na resposta do João me chama a atenção: “Há pais, claramente, noutro nível de complexidade em relação a coisas que não nos parecem vitais… Nós por exemplo nunca esterilizámos nada! No máximo a água vem quentinha do esquentador. Não estamos propriamente em Maputo… Apesar de já lá termos estado.” Maputo? Como assim Maputo? Fiquei então a saber que a Catarina foi com os Pais a Maputo quando tinha 6 mesinhos… A idade exacta com que o Sebastião vai andar de avião a primeira vez, apesar de uma viagem mais curta! Confesso que sempre odiei viajar de avião ao pé de bebés… Sempre os adorei no solo, mas há qualquer coisa de arrepiante no sentarmo-nos ao lado de um num voo, pois existe sempre a possibilidade de sermos brindados com uma sinfonia de gritos e choro à qual assistimos na primeira fila! Não o estou a ver a acontecer, mas a simples hipótese de o Sebastião decidir ser um desses artistas deixa-me um tanto ou quanto inquieto! Pergunto assim, a medo, como foi a experiência do João: “Tu não sabes o que vai ser… Primeira vez de avião, sabes lá… Estava com muito receio! Mas foram dez horas de avião para cada lado e se ela nos chateou a cabeça (a nós e aos outros passageiros…) uma hora nas vinte foi muito… Podia ter sido terrível e foi maravilhoso!” Fico silenciosamente a desejar ter a mesma sorte para a nossa mini-viagem…
Continuando a conversa, já com a Catarina a fazer uma soneca, acabámos por falar dos maiores desafios que a Paternidade nos trouxe: “Desafios? A fase em que não percebes o que ela quer… Já lhe deste comida, já mudaste a fralda, já dormiu, tem chucha, mas continua a chorar… Tu não percebes o que é e já tentaste todas as respostas que conheces! Nessa altura tens de te revezar para não chegares ao ponto de o quereres atirar à parede! Também me fez muita confusão a quase inexistência de pescoço que eles têm… Tinha de me estar sempre a dizer a mim próprio para não me esquecer de agarrar a cabeça” Depois de agradecer aos céus o nunca ter passado por isto, quis saber se o João já tinha algum tipo de experiência nisto, ou se foi tudo uma novidade: “A primeira fralda que mudei na minha vida foi da Catarina na maternidade! Não fizemos curso nenhum antes do parto, mas fizemos uma consulta pré-natal com o Pediatra que nos ajudou imenso… Chegámos lá um bocado com a postura: “Olá… Temos uma coisa aqui dentro e não sabemos bem o que devemos fazer quando ela chegar” e ele ajudou-nos muito… Para além disso, apostámos tudo naquele calhamaço que é o Grande Livre do Bebé do Mário Cordeiro… É basicamente o nosso manual de instruções… Tem tudo e um índice remissivo óptimo!” Considerando os bons quilos de fraldas mudadas a sobrinhos vejo que, de certa forma, parti em vantagem em relação ao João, mas acabamos por concordar que, inexplicavelmente, há algo em nós que nasce ao mesmo tempo das crianças: “Percebi que tinha muito mais instinto do que pensava… Começas a distinguir sons, expressões e manias num instante” Para além disto, concordamos também que há outras coisas que, apesar de não sabermos, descobrimos muito rápido: “Há uma curva ascendente na utilização de babetes e fraldas de pano… Ao princípio parece que não são necessários mas chega a uma altura em que tens de ter um por divisão… no mínimo…”
No seguimento deste tema, faço então a pergunta sobre a chucha no chão, com e sem Mãe por perto… Obviamente que alguém com pouco contacto com bebés vai ser muito picuinhas com isto… Será? “O critério é o chão onde cai. Se cai num chão minimamente limpo muito bem, se cair num sítio a roçar o tóxico vai logo ser lavada. O que, por exemplo, acontece sem a mãe ver é que normalmente ela acaba a sopa, eu passo a colher pela boca, passo por água e está limpa… A ASAE chumbava-me mas ela continua saudável e não há necessidade de ter barreiras extra de cuidados! Quanto mais depressa eles comerem terra melhor!” Apesar de concordar plenamente com a linha de raciocínio, pergunto-me se, não tendo contactado com muitos bebés antes do Sebastião, conseguiria ter esta lucidez.
Perguntei ao João como lhe nasceram estes ideais e a resposta entrou-me na cabeça como uma daquelas lições que os avós nos dão: “A mim sempre me disseram: “O primeiro é de Cristal, o segundo é de Metal, o terceiro é de Borracha e eles sobrevivem todos”… E eu pensei logo: “Se é assim vou já fazer tranquilamente para que o meu primeiro seja já de Borracha”… Tento mesmo ser o mais descontraído possível e tem corrido muito bem, para mim e para a Catarina…”
Antes de nos despedirmos, acabei por fazer a pergunta que faço sempre aos Pais de meninas: “Queria um rapaz primeiro porque eles são muito mais enérgicos, pelo que ouço… Portanto queria primeiro o rapaz porque sou mais novo e tenho mais paciência do que vou ter no segundo… Só isso!” Segundo este pensamento posso, mais uma vez, considerar-me um sortudo, mas há também a outra história de a cegonha trazer sempre primeiro o calminho para nos dar vontade de mandar vir mais e só manda os problemáticos depois…
Para a semana cá nos encontramos outra vez…
Esta semana decidi partilhar como foi a última ida ao Pediatra do Sebastião:
Saímos de casa (obviamente à hora da consulta porque já somos pais muito experientes e sabemos que temos cerca de 30 min de tolerância para a nossa consulta…) e seguimos caminho sem grandes acontecimentos como é normal porque o Sebastião não é de se queixar muito, exceptuando os recorrentes chorinhos nos semáforos encarnados… Sim, o miúdo gosta é de andamento e não está para estar parado no trânsito (ou então não gosta de encarnado, o que na verdade é uma característica que não me desagrada…)!
Eu gosto sempre de idas ao Pediatra… Faz-me ter aquela “ansiosidadezinha” boa de quando era eu a ir ao médico e gosto verdadeiramente do Pediatra do Sebastião que é tão bom médico como conversador! Para esta consulta estava particularmente entusiasmado porque queria mostrar o meu rebento. Como tenho dito, o Sebastião é um anjinho e o bebé mais bem-disposto que já vi, portanto, imbuído daquele orgulho próprio de Pai estava com muita vontade de chegar e, no meio da consulta, dizer ao médico: “Oh Doutor, olhe-me bem para esta maravilha de rapaz! Todo sorridente, sempre bem disposto, grande e mesmo bem desenvolvido” ao que ele me responderia algo simples como: “É verdade Francisco… É o bebé mais impressionante que vi em todos os meus anos de carreira!”
Isto tornou-se ainda mais marcante porque o Pediatra já nos tinha avisado que a partir desta consulta (dos 4 meses) o Sebastião ia deixar de gostar tanto de estar naquele consultório e ia começar a refilar na maioria das consultas! Ora, como é claro, isto fez-me aparecer um sorriso interior e pensei: “Espera aí que já vais ver… Alguma vez este miúdo se vai portar mal? Prepara-te que vais ver como é esta maravilha de rapaz…”
Entrámos no consultório, aperto de mão para aqui, beijinho para ali, conversa posta em dia e eu com cada vez mais vontade de tirar a criatura do ovinho qual Rafiki no Rei Leão! Chegou então a altura me que nos foi dito: “Então vamos lá ver esse rapagão!”. Tirei-o do ovo, coloquei-o na bancada e não contive um: “Olhe lá para este bem-disposto Doutor!” Bem dito, bem feito: o Sebastião saiu do ovo com um sorriso nos lábios e não deixou o Pai ficar mal… Durante 2 segundos!!
Pois que o meu querido filho, decidiu que deveria mostrar que era o médico com anos e anos de experiência, e não Pai de um filho de 4 meses, que sabia o que iria acontecer nesta consulta… Inacreditável! Assim que o médico lhe pôs as mãos em cima, desatou num berreiro agoniante… Fez sons e gritos que nunca na minha vida tinha escutado e eu, enquanto apanhava o queixo do chão, tentava amenizar a coisa com repetidos: “Que estranho… Ele nunca faz isto… Ele não é nada assim” Para piorar a situação, quando a mãe se tenta aproximar para “salvar” a cria, o médico pede que não o faça porque quer ver a reacção dele. Ao ver a Mãe aproximar-se e afastar-se ao mesmo tempo , o Sebastião resolve descobrir ainda novos volumes e timbres cortantes para soltar da sua garganta! A consulta continua, no meio do desespero fingido do meu filho, e chega finalmente à parte da conversa com o Pediatra, que nesse dia foi acompanhada por um constante soluçar do Sebastião. Sendo que o choro tinha parado quando foi devolvido ao colo da progenitora, sabia bem que tipo de conversa se ia seguir. Ou seja, estava à espera de elogios e condecorações e ia sair dali com um ralhete!
Nisto, apesar de estar completamente perdido e sem saber o que fazer, tenho um laivo de egoísmo paternal e penso que talvez ainda me safe bem disto. Não somos muito de lhe pegar ao colo quando ele está a chorar mas já sabia que seria a primeira pergunta e assim foi. A Mãe lá disse que não lhe estava sempre a pegar quando ele chorava (porque, na verdade, ele também nunca chora em casa…) mas que às vezes podia acontecer! Era a minha deixa e todo pimpão e empertigado lá digo: “Pois… Eu nunca lhe pego logo quando ele está a chorar! Normalmente só lhe faço umas festinhas… Ou converso com ele… Ou lhe ponho a mão por cima…” Algures por aqui, percebo que talvez a conversa não esteja a tomar o rumo que pretendia, mas como já estava embalado continuei: “Ou faço umas caretas para o entreter… Ou abano-o para ele se distrair…” A verdade é que ainda tinha mais mas, em boa hora, o médico interrompeu-me e concluiu: “Isso é tudo igual… É colo também! O Francisco não pense que colo é só levantá-lo da caminha! Quando digo colo, digo darem-lhe o que ele quer quando ele quer e ele já o topou a si com uma grande pinta!” Pumba! Aprendi neste dia a não me armar aos cucos no que diz respeito àquilo que digo que faço e a não me tentar safar com o fácil: “ A Mãe é que lhe faz as vontades todas”
Notem que esta situação foi também algo exagerada, o que o próprio médico reconheceu! O Sebastião é um rapaz muito sociável que fica bem com toda a gente e o próprio médico o provocou para ver até onde ele ia. Mas lá falámos e percebemos que havia algumas pequeninas coisas que podiam ser feitas de outra maneira! Rimo-nos do incindente, despedimo-nos e o Pediatra atira, sorridente, uma última humilhação para este Pai: “Eu sei que ele se porta muito bem, mas tenham cuidado com estas pequenas coisas, porque qualquer dia, quando menos esperam, começa a chorar quando param nos sinais encarnados…” Ups… Nunca tínhamos referido isto e achámos por bem apenas sorrir, sair e continuar a não dizer nada…
Por fim, enquanto a Mãe pagava a consulta e marcava a próxima, debruço-me sobre o ovo e digo ao meu filho: “Hoje pregaste-me uma bela partida” e de repente o reguila dá-me o sorriso mais gozão que já tinha dado. Sorri, disse para dentro “Olha-me este sacaninha…” e saí ainda mais orgulhoso do que tinha imaginado antes… Coisas de Pai!
Até para a semana 😉
Estes 4 meses de Sebastião fizeram-me ver que por muito que uma Mãe confie num Pai, por muito que um Pai saiba perfeitamente o que fazer, haverá sempre algumas coisas que a Mãe não consegue evitar dizer. É mais forte que elas!
Leiam e digam se concordam:
1 – “Cuidado não o deixes cair…”
Esta frase acontece maioritariamente quando o Pai pega no seu filho para o elevar acima da cabeça (altura vertiginosa…) ou com mais velocidade e é hilariante por 2 razões. A primeira é a constante mudança na avaliação da nossa força: tão depressa ouvimos isto como um “segura-o tu que aguentas melhor…”, o que faz com que os Pais passem muito tempo nesta imparável variação entre super-herói e vilão. A segunda é porque… A sério!?!?… Acreditam mesmo que um Pai pode não pensar nisto quando pega no filho?
Intriga-me pensar se ao dizerem isto, as Mães estão realmente a pensar que nos pode dar para, por exemplo, atender o telefone enquanto o atiramos ao ar, ou ir fazer uma tosta mista enquanto o deixamos sozinho no muda-fraldas. Ou isso, ou acham que pode ser traumatizante a criança cair de uma altura de 5cm para as almofadas do sofá!
2 – “Ele está com frio…”
Normalmente isto quer simplesmente dizer “Estou cheia de frio…”! Mas havendo uma criança à mistura, este sentimento torna-se como que contagiante… Porque, obviamente, que se a Mãe está com frio o bebé também tem de estar, mesmo se a sala estiver a 30º… e ele estiver com 2 camadas de roupa… e uma manta!
O que é interessante nesta situação é que frequentemente é seguida por um “… Então tira-lhe o casaco…”! Passo a explicar: na maioria das vezes a nossa resposta é um “Olha que ele até está quentinho… No máximo até está com calor”, passando imediatamente o problema a ser o oposto…
Penso que esta súbita mudança de problemas, reflecte na perfeição o que é para os Pais a Maternidade… Onde nós vemos o nosso filho feliz da vida a brincar connosco no chão, os olhos delas só conseguem ver o filho numa piscina de germes entre um Glaciar do Ártico e o deserto do Sahara e um ser relativamente inútil que não o salva de nenhum dos perigos (nós!)!
3 – “Ele não gosta disso…”
A altura em que mais ouvimos esta frase é quando iniciamos uma brincadeira mais física, com mais abanões e reviravoltas… Uma coisa mais típica de Pai! As razões são várias: um “Ele vai ficar maldisposto”, ou um “Ele ainda agora acordou”, ou apenas “Ele quer estar sossegado”, mas há uma coisa comum a todas estas hipóteses… o bebé está-se a rir às gargalhadas! Mais uma vez interrogo-me o que significam para as Mães os sorrisos e gargalhadas dos bebés, porque decerto não são uma coisa que as tranquilize lá muito… Principalmente se forem dirigidas ao Pai!
4 – “Como é que ele está?”
Esta frase acontece muitíssimas vezes e é perfeitamente natural. Quero, contudo, focar-me numa ocasião em particular… Quando acontece ao telefone sempre, repito sempre, que o Pai vai dar um pequeno passeio com o seu filho! De certa forma até compreendo, mas é incrível como muitas vezes apenas 5 minutos depois de sairmos de casa as Mães querem saber se ele já comeu, se arrotou, se está quentinho, se fez alguma birra, se está bem-disposto, se precisa de mudar a fralda, se já dormiu e se já saiu do carrinho!
Isto acaba por se tornar engraçado passadas algumas vezes, porque acabamos por ser contagiados com este chorrilho de perguntas… Na maior parte das vezes dou por mim a responder com naturalidade a todas estas perguntas e apenas quando desligo penso que muitas das coisas não seriam humanamente possíveis… Ora vejam: “Ele já mudou a fralda? Sim! Ele já saiu do carrinho? Sim!”… ou então: “Ele já dormiu? Está a dormir desde que saímos de casa! Está a portar-se bem? Sim!”… Sou só eu que vejo uma certa redundância nisto?
5 – “Passaste isso por água?”
Isto é algo com que os Pais que usam biberons da Dr. Browns estão mais familiarizados. Claro que acontece também com as chuchas, com os brinquedos, e com a maioria das coisas que podem acabar na boca do bebé (ou seja, tudo), mas essas coisas vão-se relativizando! Mas os biberons, pelo simples facto de serem lavados na máquina e poderem ficar com uma centésima parte de um bocadinho de detergente têm de ser enxaguados até à exaustão (o que é interessante porque uma das razões para se lavarem na máquina foi a vontade de poupar água…)! Não me interpretem mal… Também acho muito importante passar os biberons por baixo da torneira… Mas parece-me excessivo ouvir esta pergunta depois de os retirar de uma terrina onde estão a ”demolhar” há horas…
6 – “Vais vesti-lo assim?”
Esta pergunta tem uma entoação muito particular… digamos que um pouco depreciativa! Ora bem… Não sou um expert de moda, nem tenho aspirações a ser, mas sempre achei que seria pelo menos capaz de escolher uma roupa para vestir o meu filho! Afinal parece que não… E parece que não porque descobri que o meu filho só está apresentável se parecer um arquiduque do séc. XII, com gola folhada e fato completo adequado!
O que é estranho é o facto de existir um armário cheio de roupas que são constantemente catalogadas de “inadequadas para ir à rua” … Pois reparem, uma camisa com calças de ganga fá-lo parecer um mitra, com umas calças elásticas com uma sweatshirt parece que está de fato de treino e se tentarmos colocar um gorrinho mais engraçado o melhor que ouvimos é um “Coitada da criança!”. E com isto somos obrigados a aceitar que só as mães é que os sabem pôr bonitinhos, mesmo que as benditas golas de folhos estejam encharcadas de baba e bolsado 3 segundo depois de as enfiarmos no petiz!
Confesso que desejo muito que chegue a altura em que ele começa a falar, para que possa ser ele a dizer: “Mãe, a sério?? Vais-me vestir isto?? Sabes que podem haver amigos meus no Jardim, certo?”
Estas são aquelas que eu já aprendi, mas certamente haverá muitas mais… Talvez para a semana já tenha mais umas para adicionar… Até lá!