Terça-feira, 27 Dezembro 2016 / Published in Blog

Querido Pai Natal,

Faz algum tempo desde a última vez que falámos… Mais ainda desde a última vez que te escrevi! Pensei, inclusivamente, que a nossa relação já tinha dado tudo o que tinha a dar e que já não serias, para mim, mais que uma lembrança. Pois bem… Como em tantas outras coisas na minha vida, estava redondamente enganado! Não que tenha tido um súbito ataque de inocência e fé para voltar a acreditar em ti, nem que esteja desesperadamente a tentar todas as hipóteses para ver se recebo um presente que quero muito… Nada disso… Esta não é uma carta de pedido, mas sim uma carta de apresentação! Na verdade, escrevo-te apenas porque muito em breve vou voltar a precisar de ti e de que entres de novo na minha vida!

Neste Natal, ainda só com 3 mezinhos, o Sebastião está muito longe de perceber ou de reparar que este conjunto de dias são imensamente diferentes do resto do ano… Principalmente para as crianças! Mas para o ano, creio que ele já notará… Creio que já vai olhar para a árvore de Natal e ver mais que um conjunto de luzes a piscar… Creio que já vai achar que os montinhos de presentes são mais de que um aglomerado de cores… Creio que já vai perceber que sininhos em músicas significa uma altura do ano e não um som… E creio que já vai saber quem tu és… O que, para uma criança nesta época, significa o mundo! Vai ficar fascinado contigo, vai adorar-te, vai respeitar-te, vai sentir-se curioso contigo, vai temer-te, vai querer ver-te, vai falar contigo, vai pensar em ti, vai escrever-te e fazer-te desenhos e vai olhar para ti com uns olhos que eu gostaria que ele só usasse para mim! Em suma… Durante uns tempos, sei que vais ser a pessoa em quem ele mais vai pensar! Vi-o acontecer comigo e com os meus primos, vi-o acontecer com os meus amigos, vi-o acontecer com os meus sobrinhos… Mas desta vez é diferente e queria que o soubesses! Estou preparado para que enfeitices o meu filho como fazes a todos, mas já que o vais fazer, decidi reaproximar-me de ti porque, como nas outras coisas todas, quero fazer parte disto quando chegar a hora. Queria então dizer-te que podes contar comigo como teu aliado… Vou fazer de tudo para que ele saiba quem tu és e para que a ingenuidade de o saber dure o mais possível. Vou vestir-me de vermelho com uma barriga e uma barba falsas se assim for necessário ou vou esperar em filas intermináveis para sentar o Sebastião ao colo de quem o faça. Vou deixar pegadas de neve ao pé da árvore e aconselhá-lo a deixar-te umas bolachinhas e leitinho para o caso de vires com fome. Vou tentar convencê-lo que cabes na nossa chaminé por mais curta que ela seja e que vais sempre arranjar maneira de entrar sem ele te ver. Vou ensiná-lo que estás sempre a dizer Ho-Ho-Ho porque és genuinamente feliz por o teu trabalho ser entregar prendas às pessoas. Vou dizer-lhe que sabes quando ele se porta mal mas que também sabes sempre todas as coisas boas que ele faz. Vou usar-te sempre que ele não quiser comer a sopa e sempre que ele disser “se faz favor”. Vou explicar-lhe que faz todo o sentido que as renas possam voar e que um trenó pode, sem dúvida, ser o transporte mais veloz que existe. Vou fazer tudo isto e mais o que for preciso para ele acreditar o tempo que puder… Porque o acreditar, seja em ti ou em dragões, é onde está escondida a magia… É onde se encontra aquele brilho nos olhos deles que faz os nossos ficarem brilhantes também… É o que mais diferencia uma criança de nós e o que as torna tão melhores! Por isso preciso que colaboremos e que também me deixes brincar.

The World by Them de pai para pai natal

Preciso de voltar a acreditar um pouco para quando ele olhar para mim saiba que é tudo verdade… Para que os dois juntos, possamos sempre argumentar contra quem nos tentar dizer o contrário.

Dito isto, penso que será melhor aproveitar a embalagem e pelo sim, pelo não, falar-te já um pouco do Sebastião! Ele ainda não te pode escrever este ano porque, como deves compreender, ainda nunca o deixei tocar num lápis ou numa caneta, mas quero que saibas que desde que nasceu tem sido um menino muito bem-comportado! Come sempre tudo, nunca refila para ir para a cama, só chora se os Pais se atrasam para lhe dar a comidinha, adora rir-se para mim e que eu lhe diga coisas elaboradas como “dadalababélémémómi” ou “mimipigócópópópópi”, porta-se sempre bem no banho, gosta de acordar cedo quando está só com a Mãe e de dormir até tarde quando fica com o Pai, adora andar de carro desde que não fique parado no trânsito e fica maravilhado com passeios no Jardim. Gostava, inclusive, de te recordar que, este ano, o Sebastião não fez qualquer lista com presentes que queria receber, o que me parece algo que deves ter em conta quando fizeres a distribuição das coisas em 2017. Bem sei que eu próprio estive um pouco ausente nos últimos anos e que talvez nem sempre tenha sido o menino mais bem-comportado, mas quero dizer-te também que espero que saibas separar as coisas e que o trates como uma loja deve tratar um cliente novo, fazendo tudo para que ele regresse muitas vezes no futuro… Se fizeres a tua parte, farei a minha conforme te prometi!

Espero sinceramente que esta seja a primeira de uma infinidade de cartas que te escrevo, ajudo a escrever ou simplesmente que envio para ti… Espero-o porque quero muito viver tudo o que aí vem no futuro e porque… Sabes que mais?… Porque já tinha muitas saudades tuas!

Para o ano daremos mais notícias e aviso-te já que terás mais dois crédulos a aguardar ansiosamente que chegues…

Até lá então Nicolau.

Um abraço,

Francisco

Terça-feira, 20 Dezembro 2016 / Published in Blog

O meu convidado desta semana é o primeiro amigo que fiz quando entrei para a Escola Primária e um dos mais próximos desde esse dia. Passámos a infância, a adolescência, a vida de adulto e agora a paternidade juntos e por isso tinha muita vontade de poder contar com ele neste espaço. Muito também porque o Pedro foi também o primeiro de todos os meus grandes amigos a ser Pai… E logo de uma menina. Enquanto mudava a fralda e a roupa ao Sebastião, a nossa conversa começou exactamente por estes pontos. Bem sei que muda de pessoa para pessoa, mas o facto de ter um filho ou uma filha em primeiro lugar era uma coisa que para mim não era igual. Nunca escondi que fiquei muito feliz quando soube que o Sebastião era rapaz mas o estranho é que nem sei muito bem porquê até porque é um desejo meu ter também uma filha. Mas o primeiro ser rapaz era, de facto, uma coisa importante para mim… Talvez por ser mais parecido comigo e ser menos uma coisa à qual teria de me adaptar de repente… Talvez pelo instinto de protecção que acho que pode ser diferente… Talvez por nada disso ou por tudo ao mesmo tempo. Falámos então sobre isto… Sobre estas diferenças e se, na verdade, elas existem: “Até agora, aos 3 anos, não há nada de diferente para além de ser mais difícil e complexo de limpar quando mudamos a fralda! Mas a partir de agora acho que se vai começar a notar… Os meninos são um bocado mais brutos e tendem a ser mais mexidos que as raparigas, mas não muito mais que isso! Depois a partir dos 18 (risos)… No caso da minha filha espero a partir dos 30 (risos)…  é que a coisa começa a ser diferente” Dou por mim a pensar que, apesar de o tom da conversa ser o de que não há grandes diferenças, esta resposta me evidencia que as coisas são diferentes… Mas talvez o difícil seja mesmo o pensar em um dia ser Pai de uma mulher e não de uma menina! Porque de facto, uma criança é sempre uma criança e talvez não existam cuidados extra por se vestir de azul ou cor-de-rosa: “Aí importa a ordem pela qual tiveste… Se tiveres uma rapariga em segundo lugar acho que tendes a ter mais instinto protector com a rapariga. Sendo a rapariga antes, acho que tratas da mesma forma. Eu acho que lido com as coisas tal como lidaria com um rapaz… Por exemplo se ela cai a primeira coisa que faço é dizer-lhe para se levantar e não ir imediatamente a correr ver se ela está bem… Até para avaliar se, de facto, ela se magoa” Com isto penso que talvez me tenha saído o tiro pela culatra! Mas faz algum sentido que assim possa ser… Com o Sebastião tenho de me habituar a uma infinidade de coisas mas quando um dia vier uma menina, talvez haja um retrocesso e tenha de me habituar às mesmas coisas de uma maneira diferente. São esquisitos estes pensamentos idiotas e um pouco pré-concebidos mas só o futuro poderá dissipar estas dúvidas. Contudo, uma coisa que não acho é que o que vou poder partilhar com uma filha seja diferente daquilo que quero partilhar com o Sebastião… O esforço e vontade de partilharmos alguns gostos vai ser completamente transversal a isso e não acredito que o sexo possa influenciar o tipo de coisas que fazemos com eles. Sejam filmes, brinquedos ou música essas coisas vão sempre existir e o Pedro está, de certa forma, de acordo comigo: “Música e filmes gostava que ela partilhasse algumas coisas comigo… Mas acho que isso é uma coisa que vem com o tempo… Quando era miúdo não gostava nada das coisas que o meu Pai gostava e hoje ouço e vejo tudo! Desde que ela não me imponha os gostos não sinto necessidade de intervir… Mas era bom que tivéssemos gostos parecidos, para ao serão podermos estar os 3 na sala em vez de cada um em seu lado (risos)..” Ainda assim há coisas que não se podem deixar de desejar: “Star Wars vai ter de adorar e o Fight Club também… Ah e era brilhante que ela gostasse de jogar Fifa 17… Íamos os dois para a Playstation e deixávamos a Mãe a ler no sofá”. Na verdade é isto mesmo que sinto… Estes são prazeres e desejos que acho que só os Pais têm e têm-nos independentemente dos filhos! No fundo o queremos é alguém com quem brincar e não vejo esta necessidade tão evidenciada nas Mães. É algo que muda mais na relação Pai/Mãe – Filho do que propriamente na relação Pai – Filho/Filha. O futebol como diz o Pedro é um exemplo disso: “Gostava e espero que ela goste de futebol mas não tenho opinião sobre o clube que ela escolha… Se ela quisesse ir ao Estádio, gostava que fossemos do mesmo clube para irmos os dois mas não era essencial! Até acho pode ter mais piada podermos ver um jogo em que ela seja de um clube e eu de outro para podermos gozar um com o outro… Meter-me com ela quando ela estivesse com um melão enorme. Acho que não era de todo diferente se fosse um rapaz.” Mas no meio de sonhos e possibilidades, o Pedro faz um cru chamamento à realidade: “Pode ser pessimista mas acho que os Pais não vão fazer metade das coisas que querem fazer junto com os filhos… A uma certa idade eles querem é estar com os amigos na festa sem estar a aturar os pais” Sei que também eu passei por isso, mas de momento prefiro continuar a sonhar que vai ser diferente…

Enquanto punha um pouco de Aero-Om na chucha do Sebastião para silenciar momentaneamente as suas cada vez menos tímidas tentativas de conversa (e poder ouvir-me a mim e ao Pedro na gravação da conversa), o Pedro reagiu com um: “Isso é uma invenção do caraças… Já nem me lembrava”. Com isto recordo a outra particularidade da paternidade do Pedro… O facto de ter sido o primeiro e ter sido Pai numa altura em que nós (os outros amigos) ainda achávamos que era algo que estava relativamente longe. Nessa altura, há já 3 anos, questionei-me várias vezes o que sentiria se fosse comigo e hoje em dia penso um pouco no que seria diferente se fosse o primeiro Pai. Decidi perguntar ao Pedro o que ele acha que é diferente em ser o estreante e se não haveriam coisas que podia ter aprendido a ver os outros: “Eu sempre fui muito relaxado… Sempre senti que temos cá dentro um chip instalado no cérebro e quando chega a altura, aquilo te diz exactamente o que fazer. Não precisas de te preocupar com 95% das coisas porque o instinto está lá e aparece quando é preciso. Há poucas coisas que te podem ensinar antes… Aqueles cursos pré-parto aproveitam-se poucas coisas que são pequenas estratégias técnicas, de resto tu mesmo sem saber já sabes tudo.” Mas terá sido igual ser o primeiro a passar por isso? Não houve nem uma dificuldade acrescida? “A coisa em que ser o primeiro a ter um filho se nota mais, é na mudança da tua vida… És o primeiro a ter de deixar de fazer algumas coisas e às vezes essa mudança é difícil para as outras pessoas entenderem. És o primeiro a não poder ficar sempre até às 6 da manhã numa festa por exemplo! Se não passares por isso é difícil perceber que comece a não te apetecer fazer certas coisas porque preferes ficar com a miúda em casa” “Se tiveres outros casais a ter filhos na mesma altura, isso é mais fácil porque consegues planear mais coisas em conjunto” Nisto tenho um súbito ataque de consciência, porque algumas vezes fui um dos que pedia ao Pedro para “beber mais um copo” e que não entendia bem o porquê de ter que ir “tão cedo”… Realmente creio que é preciso passar pelo momento de preferir ficar em casa simplesmente a olhar para o Sebastião do que fazer qualquer outra coisa para entender isso! E não só… Também é preciso passar por essa mudança de realidade, por essa alteração que é o ser Pai, porque ás vezes não é só o preferir: “O teu ritmo de vida é totalmente diferente… Eu sempre adorei vegetar no sofá e esse termo deixa de existir. Tens sempre coisas para fazer… Por exemplo, ainda agora a Célia me ligou a pedir para ir comprar fraldas ao supermercado e sai de casa há 10 minutos. Não há um momento em que desligues! Mas, no entanto, isso é uma adrenalina boa… Tu até deixas de ter uma série de preocupações porque não tens tempo para pensares nelas (risos)! Podes continuar a fazer tudo… Sair, beber copos… Tens é de ressacar de uma maneira diferente (risos)! E acabou o estarem os dois de ressaca… No limite, deixamos a criança com alguém mas aí acordas ressacado e ainda com pesos na consciência a pensar “Deixei a minha filha com a minha mãe para agora estar aqui assim…”! Tudo requer um planeamento muito maior… Por exemplo, agora quando quero combinar um Jantar faço por tudo para poder ser em minha casa porque torna tudo muito mais fácil! E começas a valorizar muito mais almoços do que jantares…” As mudanças na nossa vida são mesmo enormes e muitas e misturam-se completamente entre boas e más: “O bom e mau são a mesma coisa… Aquilo que te deixa de rastos também é o que mais gostas…”

Voltando à relação dele com a pequena Ema, começámos a olhar um pouco mais para o futuro… É algo em que, como já devem ter percebido, eu penso muito e, conhecendo o Pedro como conheço, sei que ele também. Quais são então as coisas que o Pedro espera construir com a Ema… Aqueles momentos só dos dois que ele quer que aconteçam: “Churrascos no jardim… Adorava que nos Sábados de manhã, mesmo quando começar a sair à noite, gostasse de ir ao mercado com o Pai e depois fazermos um grande almoço em casa… Há outra coisa, e acho que isto não se pode publicar senão levo um tiro em casa… Tenho uma amiga tem o hábito de viajar sozinha com o Pai… Sem a Mãe, nem irmãos… Só os 2. Acho que isso era uma coisa que eu gostava muito” Apesar de parecer um pouco egoísta, subitamente tenho mais uma coisa para adicionar às muitas que quero construir com o Sebastião… Não é, obviamente, que o queira só para mim mas, de facto, há algo de muito aliciante em criar este pequenos rituais de Pai – Filho… As mães já os tiveram 9 meses só para elas, acho que também temos direito a querer um pouco disso! Porque são muitas vezes esses episódios que ajudam a construir a relação deles conosco enquanto indivíduos e são eles que criam os laços, a cumplicidade que teremos no futuro… E essa cumplicidade é muito desejável, certo? “Quero que ela seja pragmática como eu… Que não seja dramática! Gostava de cultivar isso com ela… Se estivermos a ver alguém a dramatizar uma situação, adorava poder trocar um olhar com a minha filha e encolhermos os ombros sem dizer nada… Ela entender que aquela não é a forma de lidar com as coisas! Acima de tudo quero ter uma relação aberta…. Mas não demasiado aberta (risos)… A partir de uma certa altura também não quero saber tudo!!!” E de repente mais uma coisa em que, creio, será diferente em ter uma filha… São estas pequenas coisas que na minha opinião fazem a diferença que falava no início, e não o nosso papel enquanto Pais. Esse é sempre igual: “O Pai equilibra… É o elemento neutro que equilibra! Reduz o histerismo e diminui a preocupação… Regula e torna as coisas mais normais. As mães têm tendência a ter uma visão mais agitada e o Pai mesmo sabendo que haja situações mais stressantes deve ser o elemento mais estabilizante. O Pai tem de ter mais paciência…”  Vai ficando cada vez mais claro que o ser Pai é uma coisa muito específica e cheia de particularidades. Muitas mudam de Pai para Pai, mas a base começa a parecer muito semelhante para todos com que vou falando…

Ah… Quanto à recorrente pergunta da chucha, neste caso não precisava de a fazer porque o vi acontecer algumas vezes… Mas posso confirmar que é verdadeira: “Depende de há quanto tempo a Dona Elisa tiver limpo a casa… Se tiver acabado de sair vai logo para a boca, senão vejo se há um cabelo ou outro. Se a Ema se importar muito digo-lhe para ela ir lavar senão pode meter na boca. Quando a Mãe está manda ela, portanto eu aí não tenho de me chatear!”

Para a semana voltarei de novo, mas desta vez para ter uma conversa de um só sentido com um “Pai” muito diferente e apropriado à altura em que estamos…

Terça-feira, 13 Dezembro 2016 / Published in Blog

No final do ano de 2015 conheci o Miguel Sousa Machado, o meu convidado desta semana, quando ambos iniciámos uma Pós-Gradução. O Miguel estava a começar a dar os primeiros passos nestas andanças da Paternidade e eu estava ainda a algum tempo de começar a preocupar-me com isso. Quando soube que o Sebastião vinha a caminho o Miguel acabou por ser das primeiras pessoas com quem partilhei a novidade. Estranhamente o fascínio do vir a ser Pai, e todas as diligências que daí advêm, tiveram durante algum tempo de dividir espaço no meu pensamento com exames e trabalhos de grupo. O simples facto de durante algum tempo ter voltado a estudar foi já um choque… pensava já estar despachado de aulas e vida de estudante e encaixar isso na fase da vida que já tinha deixado isso para trás foi algo desafiante, porque voltar a ser estudante é sempre um pouco de regresso atrás no tempo! A chegada de um filho nesse momento então é como que o encontro de dois extremos que nunca pensei que se juntassem. Por isso várias vezes falei com o Miguel sobre a vida com um filho, numa tentativa de mostrar a mim mesmo que isto tinha laivos de realidade. Por isso mesmo decidi convidar o Miguel para este espaço, pois foi dos primeiros Pais que conheci quando ser Pai tomou um novo significado para mim, e começo com a pergunta da praxe, “A chucha cai ao chão… O que fazes se estiveres sozinho e com a Mãe por perto?” “Se tiver com a minha mulher passo a chucha por água; se tiver sozinho com ele passo a chucha pela minha boca e dou-lhe… Obviamente depende do estágio dele; se for muito novo convém passar por água no mínimo, se for mais velho com a quantidade de vezes que eles pegam em coisas com as mãos e depois levam à boca, não é a chucha que vai ter algum problema… A mãe stressa um bocadinho mais… Tem aquela paranóia de Mãe”. Finalmente uma resposta não politicamente correcta!

Nesta altura em que se aproxima a época festiva, uma das coisas em tenho pensado mais é no significado que tem ter um novo membro na família presente. Não sei bem porquê, mas enche-me de orgulho o pensar que vou ser eu e a Cláudia a levar este ano a estrela do Natal. É um pouco estranho, mas dá-me um certo gozo mostrar e levar o meu filho quando a família se reúne e que seja ele o centro das atenções. Perguntei ao Miguel se também sentiu isto quando começou a levar o filho a almoços e encontros de família: “Deu-me muito gozo poder proporcionar isso à minha família, principalmente aos meus pais. Ver a transformação deles em avós. A minha mãe estava um bocado reticente com o peso da coisa de ser avó, mas hoje em dia é completamente perdida por ele. Tiro um prazer enorme dos momentos em que ele está com eles… Fico com um sorriso rasgado por ver que ele gosta e de eles quererem sempre estar a arranjar programas com ele” É fascinante o que a Paternidade nos faz mas é um pouco isto… O haver uma felicidade enorme de, mesmo aos olhos dos outros, nós passarmos para segundo plano. Como se houvesse algo dentro de nós que queira que o nosso filho molde o que está à nossa volta como nos molda a nós. Sim… Como já disse nas semanas anteriores, somos totalmente moldados pela chegada de um filho. Seja nesta alteração de prioridades ou no quão masoquistas nos conseguimos tornar… Por mais choros, falta de descanso, tempo e silêncio que tenhamos parece haver um boost de energia cada vez que ele sorri e é como se esses momentos quase por magia sejam imediatamente vistos como coisas maravilhosas. E de repente queremos mais e mais. Perguntei ao Miguel se sente o mesmo e a resposta não podia ser mais concordante: “ Ele deixa-me muitas vezes doido porque ainda não percebe o que pode e o que não pode fazer… parece que às vezes até me provoca com isso e quando a minha mulher chega a casa eu respiro de alívio. Mas sempre que ele acorda, eu levanto-me e vou lá contente porque ele acordou, parece que faço um reset… Posso estar esgotado de ter passado umas horas com ele mas quando ele acorda da sesta ou chega da escola é começar tudo de novo, do zero… Isso é muito engraçado de ver! Ganhamos uma capacidade regenerativa engraçada…” Há dias falava com alguém que me dizia que a Paternidade é quase como uma droga… Esgota-nos e deixa-nos de rastos mas ao mesmo tempo dá-nos energia para tudo e faz-nos querer viver a experiência a toda a hora, sem parar um bocadinho. É um pouco far-fetched mas há mesmo algo de inacreditável nisto!

Seguimos a nossa conversa para um outro tema que tenho vindo aqui a debater… Na vontade que nós Pais, e eu em particular, temos de tentar moldar os gostos dos nossos filhos. Sinto necessidade de falar nisso com todos os meus convidados porque apesar de me fazer sentido, não consigo deixar de pensar que há um certo egoísmo nisto, porque na verdade aquilo que quero é que ter o prazer redobrado de fazer algo que goste com alguém que adore… Ouvirmos uma música, falarmos sobre um livro, vermos um filme e saber que o meu filho está a tirar tanto dessa experiência como eu. O Miguel acaba por concordar comigo: “ Filmes sim… Gostava que ele gostasse porque é uma coisa que também gosto muito. Nesse tipo de interesses gostava também que ele gostasse de desporto. Eu gosto de jogar futebol, de correr… De fazer desporto e gostava que ele tivesse essa paixão!” Lá está! Às vezes o essencial é encontrar um ponto de encontro, mesmo no caso de algo tão abrangente como o desporto: “Tradicionalmente queremos que eles gostem daqueles que nós gostamos. Mas se ele gostar de Basket que é um desporto que eu não aprecio está à vontade. Gostava mais que ele gostasse de Ténis que foi uma coisa que eu pratiquei… Mas quero é que ele encontre o que ele goste… Se eu o forçar a gostar de Ténis sei que ele não se vai esforçar. Mas se ele tiver paixão por Basket vai mais facilmente empenhar-se e esforçar-se e isso é o mais importante… E talvez eu também mude e comece a gostar um bocadinho mais para o acompanhar. Desde também que não seja um desporto completamente absurdo e que eu não entenda tipo Curling.” Ao ouvir isto vejo então uma nova perspectiva na qual nunca tinha pensado… Que esses pontos em comum vão sempre aparecer porque se não for o Sebastião a gostar daquilo que eu gosto, vou ser eu a adaptar os meus gostos aos dele para o acompanhar. No meu caso adorava que ele gostasse de Basket mas se ele preferir ser um campeão de Esgrima, diabos me levem ser não vou ser o maior fã de Esgrima do mundo! Contudo, isto não é assim tão simples… Há coisas que dificilmente podemos mudar e este tema do desporto leva-me para a pergunta óbvia. Quanto poder de escolha deve um filho ter na escolha de um clube? “No meu caso tem muito pouca escolha e é fundamental que ele seja do Sporting… Era um desgosto para mim não ter um filho que me acompanhasse nisso. Já tinha pena se ele não gostasse de futebol e ainda mais se ele fosse adepto de outro clube… A minha mulher é benfiquista mas ela está completamente consciencializada que vai ter filhos sportinguistas. É um medo que tenho porque não conseguimos controlar a 100% mas acho que é um ponto importante na relação Pai-Filho. Pode parecer supérfluo mas é uma coisa que eu gosto e que gostava de poder fazer com ele”. Mais uma vez, e apesar de o ver o assunto com cores diferentes, não podia estar mais de acordo…

Nesta conversa de aperfeiçoamento de gostos e escolhas, quis também saber se o Miguel também quer ter influência noutro tipo de escolhas do filho: “A minha mulher é muito preocupada com a nutrição e a alimentação e, apesar de não partir muito de mim, gostava que ele também fosse moldado nesse sentido, porque acho que é importante ele crescer com essas noções! Não vou ser castrador e impedir que ele coma chocolates ou gomas… Quero só que seja equilibrado…Mas o meu papel nisto é essencialmente apoiar em tudo a minha mulher… Tenho os hábitos muito diferentes dos dela mas sei que ela está certa e eu errado. Vou evitar ao máximo que ele me veja a fazer as asneiras que faço na escolha da comida” Uma vez mais encontro um forte paralelismo com aquilo que penso. Obviamente quero que o Sebastião tenha uma alimentação equilibrada e noções de hábitos saudáveis porque sei que é o melhor para ele… Mas na verdade não me sinto em condições de poder ser um mentor neste tipo de decisões. Arriscando a ira de muitos Pais super saudáveis, vamos dizer que é um papel que cabe melhor às Mães!

Entramos assim novamente no campo dos papéis de cada um… Haverá na verdade um papel só para o Pai? “Hoje em dia já não há aquela história de ser o Pai o providenciar e a Mãe a cuidar dos miúdos… O papel do Pai é estar presente, educar, brincar, dar amor e passar tempo de qualidade com eles. Nesse aspecto acho que as coisas se equilibraram muito nos últimos tempos… a sociedade já não tem a mesma visão dos Pais que tinha há 50 anos… Hoje obviamente são tão carinhosos como as mães. Às vezes posso até ser mais disciplinador que a minha mulher, mas acho que é uma característica minha, não é o ser Pai ou Mãe. Eu mudo as fraldas, dou-lhe banho, visto-o, não adoro mas dou-lhe o almoço e o jantar, vou buscá-lo eu à escola, vou passear com ele ao jardim porque trabalho a partir de casa e tenho mais disponibilidade… Faço tudo e acho que deve ser assim. Há alguns anos talvez um Pai que fizesse isso tudo não era comum na sociedade. Antes o papel do Pai era estar fora a trabalhar e a Mãe com as crianças mas acho, e ainda bem, que hoje está tudo mais homogéneo… Até me considero com sorte porque a minha mulher trabalha das 9 às 20 e como eu trabalho em casa tenho mais disponibilidade para estar muito e melhor tempo com ele… Vejo isso como uma vantagem. Enquanto puder manter as coisas assim vou tentar mantê-las” Não deixo de sentir um pouco de inveja do Miguel neste ponto… Estou ainda a adaptar-me ao ter de estar todo o dia sem o Sebastião. É um pouco cruel que tão pouco tempo depois do nascimento de um filho, um Pai tenha de voltar à vida normal novamente. Havendo esta homogeneidade de papéis creio que isto se deveria estender ao tempo que é dado ao Pai para aproveitar a vinda de um filho. Aproveitando esta deixa, falámos um pouco dos momentos que se criam quando estamos sozinhos com o nosso filho. O Sebastião ainda interage pouco com o mundo, mas estou certo que quando o começar a fazer vão existir coisas que vou achar particularmente giras… Coisas que só um Pai vai perceber e guardar como um momento de orgulho: “Estava num sinal à espera que ficasse verde e ele estava muito sorridente para trás de mim e a fazer adeus… Quando olhei estavam duas miúdas sentadas numa esplanada a rirem-se para ele e ele com um ar charmoso. Acho uma certa graça a isto que seja sorridente e charmoso… É uma característica dele que eu acho muita graça.” Mal posso esperar que isto comece a acontecer também… Que o Mundo e ele comecem a interagir!

No final da nossa conversa, perguntei ao Miguel se havia algo que devesse estar à espera nos próximos tempos. Algo com o qual vou ter invariavelmente de lidar… “Eles querem sempre as coisas que nós não queremos dar… Comandos da TV, telemóveis. Já lhe dei comandos que não funcionam e ele depressa os descarta, mas muitas vezes quando nos esquecemos dos comandos em cima do sofá ele pega neles e fica em silêncio a aproveitar ao máximo porque ele sabe que não pode… Uma coisa que vais aprender é que começas a estranhar o silêncio…“ Na verdade já estranho mas, por enquanto, ainda só por querer que acabe para o ouvir mais um bocadinho…

Para a semana este Pai cá estará novamente, a falar com outro Pai sobre isto de ser Pai…

Segunda-feira, 05 Dezembro 2016 / Published in Blog

Ainda antes de ser Pai, ou até de o pensar, um dos maiores e primeiros contribuidores para o início da conversa da Parentalidade (talvez ainda antes de eu próprio o querer…) foi o João. O João é Biólogo/Comediante e acima de tudo é a pessoa que se senta na secretária ao lado da minha todos os dias no trabalho. Quando ele foi Pai, há cerca de um ano e meio, foi natural o passar a ouvir falar de crianças e de como conseguem alterar a nossa vida com muito mais regularidade. Isso e ficar com algum do trabalho dele pois consultas, licenças e febres entram na nossa vida muito antes de sermos Pais (e na verdade nessa altura não é algo que vejamos com tão bons olhos…)

Decidi então sentar-me com o João, para falarmos um pouco sobre a relação dele com o Miguel, do que ele sente com a Paternidade e para saber aquilo me espera num futuro próximo. Uma das coisas sobre a qual quero ouvir opiniões é em que diferem o ser Pai e o ser Mãe e acabo por partilhar a opinião do João : “A mãe parte com uma vantagem de 9 meses de contacto “exclusivo” e interacção constante com o filho. O pai parte atrás, tem uma relação para construir de raiz. O Miguel só se tornou real para mim quando nasceu. Aliás, a primeira coisa que me saiu quando a enfermeira o puxou para o mundo foi “ah!”, respondendo a enfermeira “então, pensava que isto era a fingir?”“. Na verdade isto foi um ponto que debati inúmeras vezes com a Cláudia (a minha mulher)… Uma certa inveja de haver aquele contacto exclusivo com o Sebastião. Para mim ele já estava ali e já era real, mas há sempre um sentimento de exclusão nesta relação… É como uma private joke muito prolongada, um grupinho à parte junto ao qual nos mantemos forçosamente durante nove meses. Tentamos fazer parte dele fazendo todos os favores, carregando todas as compras, cozinhando manjares divinos, fazendo “a nossa parte”… Mas há sempre uma barreira que não conseguimos ultrapassar e, ao que parece, sentimos sempre que começamos atrás. É bom saber que não sou o único.

Apesar disso, este sentimento como que desaparece após o nascimento… Aí já estamos num nível igual e o que passou torna-se rapidamente numa miragem distante. Mas o que se espera de nós aí? Para o João “O Pai tem de ser aquela rocha forte, um porto seguro, e ao mesmo tempo um parceiro de avarias, experiências e brincadeiras. Um baluarte da família e o mestre das cócegas. O companheiro de palhaçadas que de vez em quando tem de fazer cara de mau.“. De certa forma é também o que espero e talvez o que mais receio… Ainda há uns meses atrás uma das preocupações que tinha era onde ir jantar fora e neste momento confronto-me com a necessidade de ser um baluarte ou um porto seguro. Posso dizer que é maravilhoso e completamente assustador ao mesmo tempo. O simples facto de ter alguém que depende de nós é avassalador em todos os sentidos. O mesmo se aplica ao fazer cara de mau, ao ser o “educador”! Não me interpretem mal… Concordo absolutamente que o devo ser, quero sê-lo e sei que vou fazer um excelente trabalho, mas há algo tão incrivelmente pesado quando pensamos em formar uma pessoa, transmitir-lhe ideais e valores e ensinar-lhe o que é o correcto que não consigo deixar de pensar em como tudo anda tão rápido… É como diz o outro na canção “Who am I if I’m the person you become if I’m still groing up?”. Será isto fácil para o companheiro de brincadeiras? “Se fizer uma asneirita… se a Rita estiver deixo-a tomar a iniciativa, se não estiver tenho de vestir a farda de polícia mau. Se pisar mesmo a linha, aí tomo o controlo da situação, no matter what.

Isto leva-nos então para outra questão… Quando soube que o Sebastião vinha a caminho disse para a Cláudia que não tinha medo de me cansar porque na verdade o que queria era alguém com quem brincar, a quem passar os meus interesses e ter uma desculpa para certas coisas. Não que queira criar uma cópia de mim, onde os interesses dele são reflexo dos meus, mas há algo fascinante nesta antevisão do que ele vai ou não gostar. Vão haver decerto ocasiões em que me encherei de orgulho secretamente, onde sem dizer a ninguém vou ficar estático com algo que ele faça, por eu próprio gostar. Será que isso acontece muitas vezes? “Sim… Por exemplo fiquei orgulhoso quando tentou imitar passos de kizomba ao ver um vídeoclip do Carlão. Como gajo da Buraca sei bem a importância que o conhecimento de danças africanas pode ter na adolescência. Só falta aprender a tarrachar.” É mesmo isto… Quero que ele faça as escolhas dele mas há um desejo intrínseco para que goste de certas coisas. É isto transversal aos outros pais como o João? Aquilo que queremos fazer com eles?  “Nem sei… Quero fazer mergulho, ir ao cinema, chutar umas bolas à baliza no ringue do bairro. E ir a Alvalade, claro! Ultimamente, o que mais fazemos juntos tem sido dançar ao som de qualquer coisa animada, desde Panda e os Caricas ao Bruno Mars. Mas não tenho expectativas dessa ordem. Quero é que goste de jogos, livros, filmes, etc Espero contudo que não goste de algumas coisas (tipo Dan Brown/Gustavo Santos/Pokemons).”. Lá está, ninguém quer admitir moldar os gostos de um filho, mas há sempre uma expectativa que não desaparece para que partilhemos as coisas. Por exemplo, sei que vai haver alturas em que lhe oferecerei algo que será, na verdade, mais para mim do que para ele. Para o João, isso é também inevitável: “ É bom poder comprar Cerelac sem julgamentos por parte das senhoras da caixa do supermercado. Um filho é a desculpa perfeita para fazer coisas que “não são próprias de adultos”. Espero, por exemplo, oferecer-lhe uma viagem à Disneyland… com a mãe. Estarei na realidade a oferecer 2 ou 3 dias de férias a mim mesmo.” De momento ainda não sinto a necessidade deste tipo de oferta, mas o tempo o dirá! Aliás, como disse anteriormente, ainda estou a correr atrás em termos de tempo passado com ele em comparação com a Mãe. Ainda não consegui começar a fazer nascer as nossas coisas… Mas sei que isso existirá. Essas diferenças entre o estar comigo e com a Mãe, entre o que pode fazer com um e com outro. Quis saber então se o Miguel já evidencia isto: “Sim. Ele sabe, por exemplo, que se for eu a pô-lo na cama há muito mais probabilidades de vir cá para fora se fizer uma pequena fita. Quando estou sozinho com ele isso torna as coisas um pouco complicadas. Mas acho que esse contra é compensado pelas vezes em que estamos todos em casa. “Miúda, vais deitar o Mikas? Já sabes que se for eu ele não se fica…””. Apesar de no meu caso ser, ligeiramente, ao contrário, por enquanto, consigo relacionar-me com isto; mas e então, como são as situações onde normalmente estão os dois e depois ele se depara apenas com o Pai. Ele notará e agirá de maneira diferente? “Sim, sem dúvida! Por exemplo se o for buscar à creche sozinho ele corre para mim mal me vê, tipo o homem perdido no deserto quando encontra um oásis. Se a mãe estiver também a minha existência passa para segundo plano. E se o cão estiver `a espera no carro resumo-me a um insignificante motorista.” Sendo que não tenho cão, pode ser que não seja tão cruel…

E a diferença para nós mesmo? Será que sentimos que fazemos coisas diferentes quando estamos só com eles? Por exemplo, como se lida com o cair de uma chucha nas diferentes situações: “Nisso a reacção é a mesma: avaliar o grau de sujidade e agir em conformidade (grau 0: mete isso na boca puto; grau 1 : esfregar na camisola; grau 2: passar por água; grau 3: passar por água quente; grau 4: guardar para esterilizar mais tarde; grau 5: incineração).” “Quanto ao resto, dividimos papéis, quando ela não está tenho de assumir tudo. Acho que diferenças haverá sempre, vão-se transformando, suponho.”

Pois bem, já tenho bastante que assimilar esta semana… coisas que confirmei e coisas novas que surgiram. Uma pouco mais de luz no caminho que é construir uma relação com um filho… Por falar nisso, perguntei também ao João o que espera desta relação e do futuro: “Uma relação honesta e cúmplice, com entendimento e respeito mútuo. E muitas piadas, gozo, provas de vinhos alentejanos e idas ao futebol.” É, de facto, algo neste sentido… E é maravilhoso como esta construção agora está sempre em movimento e como espero que não pare nunca. Entretanto vou continuando a minha busca ao lado de quem me entende. Para a semana há mais.

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