Esta semana decidi partilhar como foi a última ida ao Pediatra do Sebastião:
Saímos de casa (obviamente à hora da consulta porque já somos pais muito experientes e sabemos que temos cerca de 30 min de tolerância para a nossa consulta…) e seguimos caminho sem grandes acontecimentos como é normal porque o Sebastião não é de se queixar muito, exceptuando os recorrentes chorinhos nos semáforos encarnados… Sim, o miúdo gosta é de andamento e não está para estar parado no trânsito (ou então não gosta de encarnado, o que na verdade é uma característica que não me desagrada…)!
Eu gosto sempre de idas ao Pediatra… Faz-me ter aquela “ansiosidadezinha” boa de quando era eu a ir ao médico e gosto verdadeiramente do Pediatra do Sebastião que é tão bom médico como conversador! Para esta consulta estava particularmente entusiasmado porque queria mostrar o meu rebento. Como tenho dito, o Sebastião é um anjinho e o bebé mais bem-disposto que já vi, portanto, imbuído daquele orgulho próprio de Pai estava com muita vontade de chegar e, no meio da consulta, dizer ao médico: “Oh Doutor, olhe-me bem para esta maravilha de rapaz! Todo sorridente, sempre bem disposto, grande e mesmo bem desenvolvido” ao que ele me responderia algo simples como: “É verdade Francisco… É o bebé mais impressionante que vi em todos os meus anos de carreira!”
Isto tornou-se ainda mais marcante porque o Pediatra já nos tinha avisado que a partir desta consulta (dos 4 meses) o Sebastião ia deixar de gostar tanto de estar naquele consultório e ia começar a refilar na maioria das consultas! Ora, como é claro, isto fez-me aparecer um sorriso interior e pensei: “Espera aí que já vais ver… Alguma vez este miúdo se vai portar mal? Prepara-te que vais ver como é esta maravilha de rapaz…”
Entrámos no consultório, aperto de mão para aqui, beijinho para ali, conversa posta em dia e eu com cada vez mais vontade de tirar a criatura do ovinho qual Rafiki no Rei Leão! Chegou então a altura me que nos foi dito: “Então vamos lá ver esse rapagão!”. Tirei-o do ovo, coloquei-o na bancada e não contive um: “Olhe lá para este bem-disposto Doutor!” Bem dito, bem feito: o Sebastião saiu do ovo com um sorriso nos lábios e não deixou o Pai ficar mal… Durante 2 segundos!!
Pois que o meu querido filho, decidiu que deveria mostrar que era o médico com anos e anos de experiência, e não Pai de um filho de 4 meses, que sabia o que iria acontecer nesta consulta… Inacreditável! Assim que o médico lhe pôs as mãos em cima, desatou num berreiro agoniante… Fez sons e gritos que nunca na minha vida tinha escutado e eu, enquanto apanhava o queixo do chão, tentava amenizar a coisa com repetidos: “Que estranho… Ele nunca faz isto… Ele não é nada assim” Para piorar a situação, quando a mãe se tenta aproximar para “salvar” a cria, o médico pede que não o faça porque quer ver a reacção dele. Ao ver a Mãe aproximar-se e afastar-se ao mesmo tempo , o Sebastião resolve descobrir ainda novos volumes e timbres cortantes para soltar da sua garganta! A consulta continua, no meio do desespero fingido do meu filho, e chega finalmente à parte da conversa com o Pediatra, que nesse dia foi acompanhada por um constante soluçar do Sebastião. Sendo que o choro tinha parado quando foi devolvido ao colo da progenitora, sabia bem que tipo de conversa se ia seguir. Ou seja, estava à espera de elogios e condecorações e ia sair dali com um ralhete!
Nisto, apesar de estar completamente perdido e sem saber o que fazer, tenho um laivo de egoísmo paternal e penso que talvez ainda me safe bem disto. Não somos muito de lhe pegar ao colo quando ele está a chorar mas já sabia que seria a primeira pergunta e assim foi. A Mãe lá disse que não lhe estava sempre a pegar quando ele chorava (porque, na verdade, ele também nunca chora em casa…) mas que às vezes podia acontecer! Era a minha deixa e todo pimpão e empertigado lá digo: “Pois… Eu nunca lhe pego logo quando ele está a chorar! Normalmente só lhe faço umas festinhas… Ou converso com ele… Ou lhe ponho a mão por cima…” Algures por aqui, percebo que talvez a conversa não esteja a tomar o rumo que pretendia, mas como já estava embalado continuei: “Ou faço umas caretas para o entreter… Ou abano-o para ele se distrair…” A verdade é que ainda tinha mais mas, em boa hora, o médico interrompeu-me e concluiu: “Isso é tudo igual… É colo também! O Francisco não pense que colo é só levantá-lo da caminha! Quando digo colo, digo darem-lhe o que ele quer quando ele quer e ele já o topou a si com uma grande pinta!” Pumba! Aprendi neste dia a não me armar aos cucos no que diz respeito àquilo que digo que faço e a não me tentar safar com o fácil: “ A Mãe é que lhe faz as vontades todas”
Notem que esta situação foi também algo exagerada, o que o próprio médico reconheceu! O Sebastião é um rapaz muito sociável que fica bem com toda a gente e o próprio médico o provocou para ver até onde ele ia. Mas lá falámos e percebemos que havia algumas pequeninas coisas que podiam ser feitas de outra maneira! Rimo-nos do incindente, despedimo-nos e o Pediatra atira, sorridente, uma última humilhação para este Pai: “Eu sei que ele se porta muito bem, mas tenham cuidado com estas pequenas coisas, porque qualquer dia, quando menos esperam, começa a chorar quando param nos sinais encarnados…” Ups… Nunca tínhamos referido isto e achámos por bem apenas sorrir, sair e continuar a não dizer nada…
Por fim, enquanto a Mãe pagava a consulta e marcava a próxima, debruço-me sobre o ovo e digo ao meu filho: “Hoje pregaste-me uma bela partida” e de repente o reguila dá-me o sorriso mais gozão que já tinha dado. Sorri, disse para dentro “Olha-me este sacaninha…” e saí ainda mais orgulhoso do que tinha imaginado antes… Coisas de Pai!
Até para a semana 😉