Estes 4 meses de Sebastião fizeram-me ver que por muito que uma Mãe confie num Pai, por muito que um Pai saiba perfeitamente o que fazer, haverá sempre algumas coisas que a Mãe não consegue evitar dizer. É mais forte que elas!
Leiam e digam se concordam:
1 – “Cuidado não o deixes cair…”
Esta frase acontece maioritariamente quando o Pai pega no seu filho para o elevar acima da cabeça (altura vertiginosa…) ou com mais velocidade e é hilariante por 2 razões. A primeira é a constante mudança na avaliação da nossa força: tão depressa ouvimos isto como um “segura-o tu que aguentas melhor…”, o que faz com que os Pais passem muito tempo nesta imparável variação entre super-herói e vilão. A segunda é porque… A sério!?!?… Acreditam mesmo que um Pai pode não pensar nisto quando pega no filho?
Intriga-me pensar se ao dizerem isto, as Mães estão realmente a pensar que nos pode dar para, por exemplo, atender o telefone enquanto o atiramos ao ar, ou ir fazer uma tosta mista enquanto o deixamos sozinho no muda-fraldas. Ou isso, ou acham que pode ser traumatizante a criança cair de uma altura de 5cm para as almofadas do sofá!
2 – “Ele está com frio…”
Normalmente isto quer simplesmente dizer “Estou cheia de frio…”! Mas havendo uma criança à mistura, este sentimento torna-se como que contagiante… Porque, obviamente, que se a Mãe está com frio o bebé também tem de estar, mesmo se a sala estiver a 30º… e ele estiver com 2 camadas de roupa… e uma manta!
O que é interessante nesta situação é que frequentemente é seguida por um “… Então tira-lhe o casaco…”! Passo a explicar: na maioria das vezes a nossa resposta é um “Olha que ele até está quentinho… No máximo até está com calor”, passando imediatamente o problema a ser o oposto…
Penso que esta súbita mudança de problemas, reflecte na perfeição o que é para os Pais a Maternidade… Onde nós vemos o nosso filho feliz da vida a brincar connosco no chão, os olhos delas só conseguem ver o filho numa piscina de germes entre um Glaciar do Ártico e o deserto do Sahara e um ser relativamente inútil que não o salva de nenhum dos perigos (nós!)!
3 – “Ele não gosta disso…”
A altura em que mais ouvimos esta frase é quando iniciamos uma brincadeira mais física, com mais abanões e reviravoltas… Uma coisa mais típica de Pai! As razões são várias: um “Ele vai ficar maldisposto”, ou um “Ele ainda agora acordou”, ou apenas “Ele quer estar sossegado”, mas há uma coisa comum a todas estas hipóteses… o bebé está-se a rir às gargalhadas! Mais uma vez interrogo-me o que significam para as Mães os sorrisos e gargalhadas dos bebés, porque decerto não são uma coisa que as tranquilize lá muito… Principalmente se forem dirigidas ao Pai!
4 – “Como é que ele está?”
Esta frase acontece muitíssimas vezes e é perfeitamente natural. Quero, contudo, focar-me numa ocasião em particular… Quando acontece ao telefone sempre, repito sempre, que o Pai vai dar um pequeno passeio com o seu filho! De certa forma até compreendo, mas é incrível como muitas vezes apenas 5 minutos depois de sairmos de casa as Mães querem saber se ele já comeu, se arrotou, se está quentinho, se fez alguma birra, se está bem-disposto, se precisa de mudar a fralda, se já dormiu e se já saiu do carrinho!
Isto acaba por se tornar engraçado passadas algumas vezes, porque acabamos por ser contagiados com este chorrilho de perguntas… Na maior parte das vezes dou por mim a responder com naturalidade a todas estas perguntas e apenas quando desligo penso que muitas das coisas não seriam humanamente possíveis… Ora vejam: “Ele já mudou a fralda? Sim! Ele já saiu do carrinho? Sim!”… ou então: “Ele já dormiu? Está a dormir desde que saímos de casa! Está a portar-se bem? Sim!”… Sou só eu que vejo uma certa redundância nisto?
5 – “Passaste isso por água?”
Isto é algo com que os Pais que usam biberons da Dr. Browns estão mais familiarizados. Claro que acontece também com as chuchas, com os brinquedos, e com a maioria das coisas que podem acabar na boca do bebé (ou seja, tudo), mas essas coisas vão-se relativizando! Mas os biberons, pelo simples facto de serem lavados na máquina e poderem ficar com uma centésima parte de um bocadinho de detergente têm de ser enxaguados até à exaustão (o que é interessante porque uma das razões para se lavarem na máquina foi a vontade de poupar água…)! Não me interpretem mal… Também acho muito importante passar os biberons por baixo da torneira… Mas parece-me excessivo ouvir esta pergunta depois de os retirar de uma terrina onde estão a ”demolhar” há horas…
6 – “Vais vesti-lo assim?”
Esta pergunta tem uma entoação muito particular… digamos que um pouco depreciativa! Ora bem… Não sou um expert de moda, nem tenho aspirações a ser, mas sempre achei que seria pelo menos capaz de escolher uma roupa para vestir o meu filho! Afinal parece que não… E parece que não porque descobri que o meu filho só está apresentável se parecer um arquiduque do séc. XII, com gola folhada e fato completo adequado!
O que é estranho é o facto de existir um armário cheio de roupas que são constantemente catalogadas de “inadequadas para ir à rua” … Pois reparem, uma camisa com calças de ganga fá-lo parecer um mitra, com umas calças elásticas com uma sweatshirt parece que está de fato de treino e se tentarmos colocar um gorrinho mais engraçado o melhor que ouvimos é um “Coitada da criança!”. E com isto somos obrigados a aceitar que só as mães é que os sabem pôr bonitinhos, mesmo que as benditas golas de folhos estejam encharcadas de baba e bolsado 3 segundo depois de as enfiarmos no petiz!
Confesso que desejo muito que chegue a altura em que ele começa a falar, para que possa ser ele a dizer: “Mãe, a sério?? Vais-me vestir isto?? Sabes que podem haver amigos meus no Jardim, certo?”
Estas são aquelas que eu já aprendi, mas certamente haverá muitas mais… Talvez para a semana já tenha mais umas para adicionar… Até lá!